Aos vinte e tantos...


"Essa só pode ser a idade da loucura" as vezes é o que penso ao chegar em casa, espremendo meu rosto contra as mãos, e exprimindo um daqueles suspiros longos, na intenção de descarregar o peso do dia-a-dia e todas as  complexidades físicas e emocionais que ele exige. O ciclo dos "vinte e tantos" é uma verdadeira corda bamba. Parece que as coisas se ajeitam e depois tornam a estar de pernas pro ar novamente. Quase tudo se torna emblemático. E todo mundo espera decisões concretas e sensatas em tudo o que fazemos. Aliás, aquela expressão "Tô rindo, mas é de desespero" se encaixaria muito bem para definir todas as reviravoltas desse período. Tudo é tão louco nesse momento, que a gente pensa dar um ótimo filme de comédia. A cada dia, a gente vive uma nova aventura, e descobre um tipo diferente de sufoco a se enfrentar. 

Chegar na faixa dos vinte anos, é sobre precisar de mais de 24 horas do dia para realizar todas as atividades pendentes. É quando percebemos que não dá para sobreviver um mês inteiro com o salário que ganhamos no trabalho. Vemos os filhos dos nossos amigos nos chamando de tio(a). Nosso humor é dividido entre: ser um adulto equilibrado, maduro e focado e um mancebo com vontade de chutar o balde, e sumir. Sentimos a pressão dos pais sob o curso acadêmico a escolher (no caso de quem ainda não se decidiu). Temos a famosa neura de que, quando algo está dando muito certo em nossas vidas, é porque tem alguma coisa de muito errada acontecendo - e as vezes tem mesmo (rs). O Círculo de amizade se torna mais restrito. As vezes preferimos experimentar nossa solidão à sair com os amigos, e as vezes preferimos sair porque já não estamos nos aguentando. Nos relacionamentos, procuramos alguém que seja muito mais que um status no facebook e companhia para ir ao cinema, queremos um parceiro de vida. E por fim, achamos que somos os únicos a passar por todas as crises de indecisões nessa fase.

Mas, por mais louca - e as vezes frustrante, com um toque de comédia e drama - que seja a jornada nesse período, nossa percepção de mundo amadurece. Somos toda essa construção que os terríveis e melhores vinte e tantos anos nos proporciona. Temos uma estrada cheia de possibilidades, arregaçando as mangas para sermos nossa melhor versão, com todas as inseguranças que nos afrontam. Conhecemos pessoas, algumas passageiras em nossa história, outras que aguentaram barras pesadas junto da gente (e com a gente), e que vamos levar para o resto da vida. Se é para definir a casa dos 20, temos que colocar no pacote as decepções e alegrias, choros e risos, acertos e aprendizados, certezas e incertezas, como em toda boa história. E a melhor coisa que podemos fazer nesse momento, é não levar a vida no automático, e seguir aquele famoso clichê que diz que devemos "Viver um dia de cada vez", fazendo dos momentos, lembranças boas de se recordar. Um dia, por mais absurdo que seja dizer, sentiremos falta de tudo isso.

Por: Ingrid Ramires.



1 comentários

  1. Os vinte e poucos é a estagnação da vida adulta, as pessoas esperam atitudes maduras da sua parte, mas por dentro você é uma criança se perguntando quando foi que deixou de ser criança por fora.
    O seu post me definiu de forma perfeita, eu sou a típica garota de vinte e tantos que não tem a menor ideia do que tá fazendo da vida, é a "tia" dos filhos dos amigos, mas que está vivendo e evoluindo a cada dia que passa <3
    Amei o seu texto.
    Beijo, www.apenasleiteepimenta.com.br

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