P a l a v r a s

Passam-se dias que não escrevo nenhum dos meus versos. Caminho pelos mesmos lugares, observo as mesmas árvores respirando os mesmos ares. Tudo permanece intacto, mas eu observo o tracejo da minha alma modificado. Observo um sorriso bobo, um pensamento, um olhar distante, e nem me dou conta de onde realmente foi parar coerência, onde ela tornou habitar. É um sentimento maré-mansa que traz tranquilidade. É uma hibridação de paz com amor. É um sentimento que me coloca em devaneio e bloqueia todas as locuções verbais e os complementos da oração. Me faz esquecer de conjulgar passado, presente, futuro, e me faz julgar por não saber descrever as palavras certas, por não conseguir ser detetive de mim mesma. As palavras simplesmente me fogem, se desprendem da minha mente, saem do meu olhar e vão até um lugar chamado Tu.

- Ingrid Ramires

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