Intenso

Talvez eu pense e sonhe excessivamente. Ter alma de poeta implica sentir tudo. Sentir um tudo intensamente. Mergulhar e descobrir que nem todas as coisas são tão profundas como o mar. É querer sair da zona de conforto em um mundo onde as pessoas preferem estar em suas caixas isoladas.
É as vezes sentir a dor de não poder ir mais além do que se permite. É tentar colorir as esquinas da cidade e ter sempre alguém com uma tinta cinza, apagando cada resquício de alegria. 
Não é fácil ser poeta. Não é fácil ter alma sensível. Ter alma apedrejada por não ter vergonha de falar de amar. Ser considerada idiota por demonstrar. Transbordar lágrimas através das letras para um mundo tão insensível. 

Mas mesmo assim, ainda insisto em tentar fazer prefácio do sol em dias nublados. Continuo tentando plantar e regar sementes em terras secas. Arrisco mostrar que o amor é contagioso, e que a indiferença pertence as máquinas que são desprovidas dos sentimentos, não a nós, humanos. Canto e toco sem temer desafino. Caso não encante com a voz e os acordes do violão, talvez encante então com a ousadia. Escrevo alguns versos tolos sobre beleza da vida. Atrevo-me a não ter medo dos arranhões da não reciprocidade. Mesmo assim, continuarei tentando amar, e reamar. E caso algo torne a me machucar, me recordarei das cicatrizes como algo que me deixou com mais vigor. Mesmo que sejam tentativas frustradas, ainda sim tentarei ter Fé em olhar as coisas de uma forma bonita. Em colocar poesia e coração em cada nova situação que surgir. E por fim me permitirei tentar ser esse "Intenso" que deveras reprimi.

- Ingrid Maria Ramires

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