Trem

De algumas das lembranças boas da infância guardo com apreço uma: A minha primeira e curta viagem de trem. Para muitos pode não significar muita coisa, mas, para mim, foi um dos momentos mais marcantes em minha vida (sem exageros). Eu deveria ter uns 5 anos de idade quando minha vó decidiu me levar a estação mais próxima.  E de repente me vi de frente com aquela incrível e enorme máquina em contraste com a minha pequenez. Lembro em especial do friozinho na barriga ao subir e de apertar as mãozinhas as da minha vó enquanto o transporte começava a se mecher com certo ruído. Tempo depois , observava com ansiedade as paisagens através do trem. E nossa! Como eu estava achando todo aquele cenário magnífico. Logo esqueci do medo que tive no início da jornada, e já queria repetir a viagem mais uma vez.

Lembro-me dessa experiência, sempre que julgo algo difícil de se enfrentar. Por diversas vezes eu já tive vontade de jogar tudo para alto, por medo. Mas mesmo assim algo dentro de mim sempre dizia para não desistir, que o melhor estaria por vir se eu decidisse não entregar as lutas de bandeja. Hoje vejo essa vida que levo como um trem. E eu sou novamente aquela pequena menina de vestido ansiosa pelo destino. Mas agora vejo Deus do meu lado, segurando a minha mão enquanto ouço os ruídos que tentam me amedrontar. Começo a ter coragem e olho através das grades do trem que revelam a formosura e simetria da criação de Deus. Esqueço então o medo, e tenho confiança de que Ele cuidará de mim em todas estações, pronto para segurar minha mão sempre que meu coração ansiar amor e proteção.

"Que a vida é trem-bala, parceiro, e a gente é só passageiro prestes a partir" - Ana Vilela